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A Cripta de Santa Sara



Santa Sara foi canonizada em 1712. Não se conhece a razão exata que levou os ciganos a elegê-la sua padroeira, mas foi ela quem os converteu ao cristianismo. Existem muitas lendas a seu respeito e uma delas diz que seus restos mortais foram encontrados por um reio em 1448, e depositador na cripta da igrja de Sainte Michel, em Sainte Marie de La Mar, na França. No local, ciganos de todas partes do mundo se reunem anualmente nos dias 24 e 25 de maio, para cultuá-la.
 A difusão do culto de Santa Sara Kali no Brasil se deve a novelista Glória Peres, que em sua novela "Explode Coração", exibida em novembro de 1995 pela rede globo, introduziu a santa praticamente como uma personagem.

 Inicialmente foi apresentada com a cor de pele branca, equívoco que logo foi reparado. Na verdade não caracterizava a imagem de Santa Sara conhecida na França e em toda a Europa. Era uma adaptação da imagem de Nossa Senhora da Conceição, as mãos postas em prece e sem anjos nos pés. Essa imagem essa logo se espalhou e ganhou notoriedade sendo reproduzida por fábricas de artigos religiosos, principalmente umbandistas, somando seu culto a linha do oriente (ciganos).    


 As Santas Marias do Mar e Sara
Uma frágil embarcação vinda da Terra Santa chega ao sul da França (anos 44 e 45), exatamente no campo romano "L'oppidum Râ". Mais tarde essa antiga cidade foi engolida pelo mar.

Devido às inúmeras perseguições cristãs fomentadas pro Herodes, alguns discípulos de Jesus foram colocados numa barca sem remos, sem velas ou provisões, em represália à fidelidade a Cristo. Entre eles estavam Maria Salomé (mãe de Tiago e João), Maria Jacobé (irmã ou prima da virgem Maria), Lázaro e suas irmãs Marta e Maria Madalena, Maximino e Sidônio, o cego de Jericó.

Conta a tadição que Sara se junta ao grupo. Quando a barca avança, ela suplica que a levem. Um milagre a fez chegar até o barco. Sobre o manto que Maria Salomé atirou nas águas para auxiliá-la, Sara caminha e alcança a barca.

Maria Jacobé e Maria Salomé já idosas permanecem no lugar da chegada em companhia de Sara. Os companheiros de viagem se dispersam e partem para evangelizar a Gália,~mas antes erguem um rústico oratório em honra da Virgem Maria. Séculos mais tarde esse local se tornaria a atual Igreja de Notre-Dame-de-La-Mer (Nossa Senhora do Mar), abrigando as relíquias e imagens das Marias e de Sara.

Conta a história que ali elas morreram, primeiro, Maria Jacobé e meses depois,Maria salomé. Pouco tempo depois morreria Sara.

Mais tarde, o rei René, o Bom, Conde de Provença, dá ordens de procurar neste lugar relíquias e restos mortais das Maris e de Santa Sara Kali.

Em dezembro de 1448, várias cabeças dispostas em cruz e os corpos de duas mulheres, são descobertos durante as escavações. Entre as relíquias, um altar de terra batida e uma pedra de mármore lisa, que chamam mais tarde de "travesseiro das Santas Marias". Atualmente este travesseiro está incrustado numa das colunas da igreja, sendo objeto de veneração.
A imagem de Santa Sara Kali

O corpo da estátua é coberto por inúmeros mantos e jóias em sinal de devoção, respeito e veneração. Sobre eles, vê-se apenas o rosto de uma beleza juvenil. A expressão dos traços é de grande delicadeza.

Um receptáculo de madeira, que recebe os pedidos e as preces escritas dos fiéis, é a principal testemunha do fervor e da devoção que os ciganos têm por sua padroeira.

A imagem desgastada pelo tempo, tem sempre a face exibindo falhas na pintura. Isso acontece porque os ciganos abraçam e beijam Sara.

O calor da cripta que abriga a imagem é intenso, devido ao enorme número de velas que queimam ali e o que acontece lá é emocionante. Alguns depositam cartas e oferendas num receptáculo de madeira, outros deixam objetos como muletas; outros, abraçados à imagem como se tivessem reencontrado alguém muito querido, choram copiosamente entre murmúrios quase incompreensíveis. Há aqueles que motivados pela fé, conversam com Santa Sara, fazem pedidos, enchem de beijos o rosto da imagem.

Na vigília de 24 de maio, é comum ver ciganos em transe. Manifestam-se as entidades dos antepassados, mesmo dentro de uma igreja católica.

Peregrinação do Mês de Maio

Na manhã do dia 24 de maio é celebrada uma missa de abertura das peregrinações. Saintes-Maries-de-La-Mer se torna verdadeiramente a terra dos ciganos, a beleza das carroças antigas, decoradas com belas pinturas e amuletos, os fabulosos traillers, o colorido das roupas... tudo ritimado por rezas, cantos, danças e o som dos instrumentos ciganos mais populares: címbalos, guitarras, acordeóns e violinos.

Após o meio dia acontece a descida dos relicários das Santas Marias, depois vem o momento tão esperado. Sara é carregada por quatro ciganos e é levada até o mar. As mãos tentam alcançar os mantos, levantam-se crianças, pedindo para elas a proteção de Santa Sara.
Os ciganos cantam, rezam e aclamam a sua padroeira, gritando "Viva Santa Sara". Sara é, assim, escoltada até o mar mediterrâneo, onde, segundo a história, desembarcou com os santos amigos de Jesus. Depois, lentamente e sempre debaixo de aclamações, Sara é devolvida à cripta.
No Brasil cada vez mais Santa Sara é cultuada. Dificilmente a Santa é encontrada em igrejas, mas há um número de imagens espalhadas em grutas, praças, pequenas capelas, centros e comércio em geral, uma vez que a Sara caiu nas graças populares.
Que a Sara Kali cubra a todos os ciganos com seu manto protetor.

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